Implantes de Carga Imediata


Tendo me dedicado a implantologia oral por mais de 45 anos, com mais de quarenta trabalhos científicos publicados (Alemanha, Argentina, EUA, Brasil, Austrália e Inglaterra), conferências realizadas (Alemanha, EUA, Argentina, Espanha, Grécia, Itália, Brasil, Portugal e Romênia), cursos ministrados e livro de implantologia oral publicado pela editora Guanabara Koogan, juntamente com o meu professor Glauco Longo Guerrieri, posso dizer que a Implantologia Oral Multimodo é a indicação exata para ser executada em nosso trabalho cotidiano, quando utilizamos técnicas mistas para atingirmos os nossos objetivos.

"Técnicas onde não se utilizam bisturi nem pontos de sutura, tais como: pinos (agulheados) e parafusos. Tais técnicas realizo há mais de quatro décadas, com controles clínicos e radiográficos, todas com carga imediata, o que, de acordo com alguns autores contemporâneos, é a grande novidade. Essa grande novidade posso atribuir ao desconhecimento da história da Implantologia, pois a chamada carga imediata já existe há mais de 1.300 anos. Fato simples de ser comprovado, bastando para isso fazer uma visita ao museu do Cairo (Egito)."

"Lâminas e cilindros: técnicas essas, utilizando-se bisturi e pontos de sutura. Cilindros com dois tempos cirúrgicos. As lâminas, com carga imediata e os cilindros, em média de cinco meses de espera para ativá-los."

A Implantologia Oral Multimodo está intrinsecamente ligada a uma técnica de unir implantes na boca. Obtemos uma imobilidade imediata, que é o primeiro grande passo para que haja sucesso no tratamento. Além disso, a capacidade de resolver os problemas na Implantologia se multiplica, quando associados as várias técnicas de implantes.

Um outro caso, envolvendo implantes de lâminas que apresentam mobilidade: colocam-se dois a três pinos pelo lado vestibular ou lingual da lâmina e imediatamente faz-se a fusão molecular dos pinos a lâmina para, então, curetar a região problemática, fazendo-se enxerto ósseo se necessário. Com a imobilidade, o osso ao redor do implante irá regenerar. Desta maneira, com um procedimento simples e rápido, associando-se a Implantodontia Multimodo com uma técnica, resolveremos vários problemas.

Um fato que nos causou grande estranheza foi a afirmação de alguns autores, de que os implantes dentários deveriam ficar dentro do osso, por um prazo de quatro a seis meses, para que haja uma regeneração óssea de tal maneira que o implante ficaria todo envolto em osso sem a interposição de fibroblastos, tecido conjuntivo fibroso etc. (osseointegração). Quem não concordava era taxado de retrógrado, atrasado, desatualizado. Criticavam seriamente todas as outras técnicas que utilizavam a carga imediata, como se as quisessem banir ou as esconder, colocando a Implantologia Oral como a única técnica existente. Porém, o que vemos hoje é o cumprimento da frase de Bertold Brecht: “A verdade é filha do tempo e não da autoridade”; e o mais interessante é que aqueles autores que diziam ser condição imprescindível para o sucesso do implante, isto é o implante ficar sepultado sem atividade durante 4 á 6 meses, dizem agora que a carga imediata pode ser utilizada em vários casos.

E agora? Respondemos que a verdade veio a tona. Vejamos o excelente trabalho publicado pelo professor Paulo Roberto Batista de Oliveira, presidente do Instituto Brasileiro de Implantodontia, intitulado: “Carga imediata: uma antiga novidade”, publicado na Revista Brasileira de Implantodontia, órgão oficial do IBI, ano VI, nº 4, outubro/dezembro 2000 (Editorial).

O professor Paulo Roberto relata que, há mais de dez anos, ensinava que deveria ser respeitado o prazo de quatro a seis meses para obter a chamada osseointegração. Hoje, quando encontra um ex-aluno, sente-se constrangido, pois o próprio título do artigo trouxe a tona uma realidade inquestionável. Este artigo do professor Paulo Roberto é considerado um marco brasileiro na implantodontia mundial, tendo sido citado, comentado e incorporado em vários países.

Em 2001, participei como palestrante convidado na 50º Reunião da Academia Norte Americana de Implantes Dentários, realizada de 14 a 18 de novembro de 2001, na cidade de New Orleans, quando tive a grande satisfação de assistir a conferência inaugural do professor Leonard Linkow (Universidade de Nova York), um dos pioneiros e criadores de várias técnicas e de vários tipos de implantes (agulheados com aletas duplas, lâminas, cilindros, parafusos e justa-ósseos), tendo apresentado os controles clínicos e radiográficos destes implantes com vinte e trinta anos, relatando que todas estas técnicas tinham diminuído a sua utilização, porém agora, estão retornando com muita intensidade, devido a segurança demonstrada durante mais de três décadas, com milhares de implantes realizados.

De 6 a 8 de junho de 2002, participei como palestrante convidado do Encontro Internacional de Implantes Dentários, da Universidade de Chieti em Francavilla al Mare " Itália, sendo o tema: “Carga Imediata" Passado, Presente e Futuro (implante pós-extração)”. Tive a oportunidade de observar que os trabalhos apresentados sobre implantes agulheados e parafusos, como consta no livro do congresso, aumentaram muito, sendo hoje o seu uso rotineiro, principalmente graças ao reconhecimento e registro feito pela Comunidade Européia (certificado nº 93/42. C.E.E. " N. Médicas nº 9842) dos implantes agulheados e parafusos, manufaturados por S. Acerboni, Itália em 9 de novembro de 1998.

Posteriormente, fui convidado para o 17º Congresso Mundial de Implantes Dentários do IRCOI (International Research Committé of Oral Implantology), realizado em Bucareste (Romênia) para ministrar uma conferência e participar de uma mesa-redonda na qual o professor Sebastiano Lo Bello da Itália, presidente da honra deste congresso, disse: “O professor brasileiro Paulo Roberto de Oliveira está com a razão”, citando o trabalho intitulado “Carga Imediata: uma Antiga Novidade”.

Durante a estada na Itália, recebi do professor Fanali (titular dos cursos universitários de implantes dentários da Universidade de Chietti) um livro, de sua autoria, juntamente com outros professores, publicado pela editora Torinese em 2001, do qual farei algumas citações. O livro apresenta várias técnicas de Implantodontia com análises histológicas de implantes agulheados, parafusos, lâminas e cilindros, apresentando resultados semelhantes em todos os tipos, informando que a terminologia osseointegração, não é correta. Essa terminologia me causa grande espanto pelas seguintes razões:
- O implante de titânio não nasceu com o homem, assim sendo, o organismo o aceita, porém não se integra.
- Até a presente data, anquilose (osseointegração) é estudada em Patologia e não em Fisiologia.
- Em Ortopedia, todas as próteses são fixadas por um tecido conjuntivo fibroso, e não diretamente ao osso (osseointegração).
- Há quatrocentos milhões de anos, quando surgiram, os primeiros vertebrados, eles eram agnatas, isto é, não possuíam mandíbula. No período Jurássico, há mais de duzentos e oitenta milhões de anos, quando os répteis deram origem aos mamíferos, criou-se, então, a articulação gonfose-mamaliam, característica de todos os mamíferos. Porém, antes da mamaliam, já existia a tecodôntica, característica dos jacarés e crocodilos, onde o dente está ligado diretamente ao osso do animal. Logo, com a osseointegração, o ser humano, ao invés de evoluir, involuiu.

Essas informações podemos confirmar através do livro, publicado em 1995 em língua inglesa e em 1996 em língua portuguesa: “Atlas colorido e texto de Implantologia Dental e Maxilo-Facial” dos seguintes autores: John A. Hobkink, Roger M. Watson, Tomas Albrektsson, Geoffrey H. Forman e George A. Zarb (Prefácio), publicado no Brasil pela editora Artes Médicas. Todos conhecemos os trabalhos e os livros publicados por Albrektsson e Zarb, os maiores defensores da osseointegração, porém, o que eles dizem neste livro, na pág. 9: “No entanto, tentativas de definir a osseointegração baseadas em critérios histológicos fracassaram” e na pág. 13: “Na realidade, biologicamente não existe evidência do contato completo entre osso e implante, mas sim de maior ou menor quantidade de tecido mole”, nos leva a crer que a microscopia eletrônica corrigiu uma falha da microscopia óptica. Tal fato ocorreu também com a Periodontia. Até 1967 a microscopia óptica afirmava que a gengiva livre de um dente estava inserida no dente, chamando-se então de inserção epitelial. A partir do advento da microscopia eletrônica, verificou-se que a gengiva livre não está inserida no dente, mas sim, justaposta, chamando-se então, de epitélio juncional. Logo, a microscopia eletrônica corrigiu a deficiência da microscopia óptica. Se hoje, em uma prova de Periodontia, utilizarmos a terminologia inserção epitelial, seremos reprovados. Ela não existe, como demonstrou muito bem a microscopia eletrônica.

Tal fato se repete na Implantodontia, onde a microscopia eletrônica corrigiu uma deficiência da microscopia óptica, demonstrando que a terminologia osseointegração não existe. Embora a maioria utilize-a, não significa que esteja correta.

Dentre tantos livros publicados para que o implantodontista tivesse ao seu alcance orientação e consultas, gostaria de citar 3 publicações de grande relevância: a primeira, em língua portuguesa, “Implantodontia " Imbricamento Osteomecânico”, escrita pelo ilustre professor Pedro Paulo Monteiro de Carvalho e publicada pela editora da Universidade de Pernambuco, em 2000. A segunda, em língua italiana, do ilustre professor Massimiliano Apolloni, “Implantologia Dentale - Metodiche Varie e Alternative” - Itália (2005). E a terceira, também do professor Massimiliano Apolloni, “Atlante Pratico di implantologia dentale” publicada pela Editora Ermes - Milano - Itália (1989)

Hoje, todas as técnicas e métodos utilizados com carga imediata ou não (agulheados [pinos], parafusos, lâminas, justa-ósseos e cilindros) apresentam sucessos e insucessos como também indicações e uma série de contra-indicações.

O profissional que optar por uma única técnica, estará restringindo o seu campo de atuação, diminuindo suas chances de resolver os problemas, quando esses aparecem e enfraquecendo seu potencial científico.